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No âmbito do projecto Recuperação, Tratamento e Organização de Acervos Documentais, financiado pela Fundação Calouste Gulbenkian, a Confraria da Rainha Santa Isabel iniciou os trabalhos que têm como objectivo a organização, o acondicionamento, o diagnóstico do estado de conservação, com o consequente restauro preventivo, e a digitalização do acervo livresco e documental, datado dos séculos XVI a XIX e em elevado estado de degradação, propriedade actual da Confraria da Rainha Santa Isabel, de Coimbra.

A Confraria da Rainha Santa Isabel, após a morte da última freira (no seguimento da extinção das Ordens Religiosas portuguesas em 30 de Maio de 1834), assumiu, no ano de 1891, a propriedade imóvel e o legado patrimonial móvel da antiga comunidade clarissa do Convento de Santa Clara-a-Nova.

Com efeito, o património documental foi alvo de múltiplas vicissitudes materiais nos últimos dois séculos em virtude das sucessivas ocupações das dependências conventuais e que acabariam por se reflectir no seu actual mau estado de conservação. A incúria do Homem, testemunhada pelas Invasões Francesas (com a instalação das tropas napoleónicas no convento, entre 1807-10), a extinção das Ordens Religiosas em Portugal (com a lenta asfixia da sua comunidade religiosa, a partir de 1834), a implantação da República Portuguesa (com o estabelecimento de unidades militares do Exército, em 1910), e a força da Natureza, verificada com as inevitáveis pragas biológicas e intempéries naturais, determinaram assim uma gradual destruição deste valioso espólio.

O riquíssimo espólio livresco e documental existente assume uma importância vital para a compreensão histórica da organização religiosa e formação intelectual da comunidade clarissa de Coimbra. A comprovar o interesse científico e cultural mencionado refira-se a sua cedência em diferentes eventos culturais com maior expressão na cidade de Coimbra, como na exposição temporária: A Coroa, o Pão e as Rosas. VIII Centenário do nascimento de Santa Isabel da Hungria (organizada no Convento de Santa Clara-a-Nova pela Confraria da Rainha Santa Isabel de Coimbra, em colaboração com a Universidade de Coimbra e a Comissão Oficial Alemã do Elisabethjahr, em 2007); ou na exposição permanente do Centro Interpretativo do sítio arqueológico do Mosteiro de Santa Clara-a-Velha (IGESPAR), em Coimbra, desde 2008.

Contudo, apesar da proficuidade destas acções, de índole científica e cultural, as mesmas acabam por determinar a deterioração e o desenvolvimento de algumas patologias ofensivas às mesmas.

O acervo documental e livresco, com relevante interesse histórico, cultural e científico para as entidades religiosas e culturais nacionais, determina a sua salvaguarda, preservação e divulgação inadiáveis. A candidatura tem, assim, como propósito organizar, acondicionar, restaurar e digitalizar os 245 exemplares de obras impressas e manuscritas, com encadernações a couro lavrado e ornamentado a ouro, confiados à Confraria da Rainha Santa Isabel de Coimbra. Promover os trabalhos delineados permitirá evitar a perda irrecuperável de um património humano, que, durante séculos, foi utilizado como instrumento primordial de instrução professa e de doutrinação sagrada pela comunidade clarissa, e continuar a disponibilizá-lo às muitas instituições culturais e comunidades religiosas e científicas nacionais, tendo em conta que o seu manejo manual facilita novos danos materiais e acelera o seu estado de conservação. Salvaguardar e disponibilizar o património do passado é garantir a transmissão do Conhecimento às gerações vindouras.

Uma pequena mostra do acervo poderá ser admirada numa exposição organizada pela Confraria da Rainha Santa Isabel e pelo Arquivo da Universidade de Coimbra, na Sala D. João III deste mesmo Arquivo, com inauguração prevista para o dia 15 de Julho de 2010, às 16.30 horas, e ficará patente ao público até 29 de Outubro de 2010.