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Procissões

Lê com atenção

  • Os santos foram homens ou mulheres como tu. Todos os cristãos são chamados à santidade. Nas várias ocupações e géneros de vida, é sempre a mesma santidade que é cultivada por aqueles que são conduzidos pelo Espírito Santo, adoram a Deus em espírito e em verdade, e seguem a Cristo pobre, humilde, levando a cruz, a fim de participarem da Sua glória.
  • A Rainha Santa Isabel é modelo de simplicidade, de Amor aos outros, de perdão, de concórdia, de Amor a Deus.
  • Não te limites a ver passar a Sua Imagem. Se vieste só para isso, foi pouco o que te trouxe à Festa.
  • A Imagem não é a Rainha Santa, mas a sua representação. Ao olhar para a Imagem, o nosso espírito deve elevar-se para Aquela que está nos céus e pede a Deus por nós.
  • Só se adora a Deus, os Santos veneram-se. Os cristãos conscientes sabem que não devem ajoelhar quando passa a Imagem, mas inclinar a cabeça em sinal de respeito e de amor.
  • Ao Santo Lenho que vai debaixo do Pálio na Procissão de Domingo é que se deve ajoelhar porque é uma partícula da Cruz de Cristo.

Procissões

  • Uma Procissão é um acto de culto público em honra de Deus ou dos Santos.
  • Na Festa da Rainha Santa, há duas Procissões.

1.ª Procissão

  • Realiza-se no dia 5 de Julho (Quinta-feira), com início logo a seguir à missa das 18 horas, no adro da Igreja da Rainha Santa.
  • É uma procissão penitencial e tem como finalidade proporcionar às pessoas oportunidade de cumprirem as suas promessas.
  • Tem, por isso, um espírito profundo de oração e penitência.
  • Guarda silêncio, medita e reza.
  • No Largo da Portagem haverá uma Saudação à Rainha Santa.

2.ª Procissão

  • É uma procissão solene de louvor e nela podem tomar parte todas as associações da Igreja, em manifestação da sua vitalidade cristã.
  • Terá lugar no Domingo dia 8 de Julho e organiza-se a partir da Igreja de Santa Cruz, a seguir à missa das 16 horas.
  • Será presidida pelo Senhor Bispo de Coimbra.
  • Não deixes de dar um testemunho da tua Fé de Cristão através do teu silêncio e recolhimento, do teu comportamento, da tua atitude séria.

Orientações

  • Há uma equipa responsável pela organização.
  • Há lugar para todos e para cada um.
  • Acata com serenidade as orientações que forem dadas.
  • Se tencionas incorporar-te nas Procissões, lembra-te do seguinte:
  • O teu lugar é junto daqueles que têm a mesma insígnia que tu;
  • Se tens de acompanhar crianças de «anjo», leva-as a teu lado dentro da Procissão.
  • Não mudes de lugar a não ser que a organização te peça que o faças.
  • Guarda silêncio e respeito.
  • Não caminhes em grupo.
  • Mantém-te nas alas da Procissão.
  • Guarda a distância de cerca de um metro daquele que vai à tua frente.
  • Não deixes quebrar a procissão na tua zona.
  • Se quiseres fazer um pouco de esforço, tudo correrá bem e voltarás contente para tua casa.

Datas Importantes

Datas relacionadas com a Rainha Santa

11.02.1270 – Nasce em Saragoça, no Reino de Aragão.
11.02.1282 – Casa, por procuração, em Barcelona,com D. Dinis, Rei de Portugal.
24.06.1282 – Recebe as Bênçãos Matrimoniais com o seu esposo em Trancoso.
03.01.1290 – Nasce D. Constança de Portugal, filha de D. Isabel e D. Dinis.
08.021291 – Nasce de Afonso (D. Afonso IV de Portugal), filho de D. Isabel e D. Dinis.
03.01.1313 – Morre D. Constança de Portugal.
07.01.1325 – Morte de D. Dinis.
1325 – Peregrinação de D. Isabel a Santiago de Compostela
11.07.1326 – Morte de D. Isabel, filha de D. Afonso IV.
08.06.1330 – Sagração da nova igreja do Mosteiro de Santa Clara
04.07.1336 – Morte de D. Isabel em Estremoz.
11.07.1336 – Chega a Coimbra o seu corpo que, por sua expressa vontade, aqui ficou sepultado no túmulo que ela mesma mandara executar.
15.04.1516 – Beatificação pelo Papa Leão X.
04.07.1560 – Criação da Confraria da Rainha Santa Isabel
25.05.1625 – Canonização pelo Papa Urbano VIII
12.12.1647 – Alvará de D. João IV para a construção do novo mosteiro.
03.07.1649 – Lançamento da primeira pedra do novo mosteiro pelo Reitor da Universidade, D. Manuel de Saldanha.
29.10.1677 – Transferência da comunidade clarissa para o novo mosteiro e trasladação do túmulo de Santa Isabel.
26.06.1696 – Sagração da igreja, dedicada à Rainha Santa Isabel.
03.07.1696 – Trasladação do túmulo de Santa Isabel para a tribuna do altar-mor.

11.02.1270 – Nasce em Saragoça, no Reino de Aragão.

11.02.1282 – Casa, por procuração, em Barcelona,com D. Dinis, Rei de Portugal.

24.06.1282 – Recebe as Bênçãos Matrimoniais com o seu esposo em Trancoso.

03.01.1290 – Nasce D. Constança de Portugal, filha de D. Isabel e D. Dinis.

08.021291 – Nasce de Afonso (D. Afonso IV de Portugal), filho de D. Isabel e D. Dinis.

03.01.1313 – Morre D. Constança de Portugal.

07.01.1325 – Morte de D. Dinis.

1325 – Peregrinação de D. Isabel a Santiago de Compostela

11.07.1326 – Morte de D. Isabel, filha de D. Afonso IV.

08.06.1330 – Sagração da nova igreja do Mosteiro de Santa Clara

04.07.1336 – Morte de D. Isabel em Estremoz.

11.07.1336 – Chega a Coimbra o seu corpo que, por sua expressa vontade, aqui ficou sepultado no túmulo que ela mesma mandara executar.

15.04.1516 – Beatificação pelo Papa Leão X.

04.07.1560 – Criação da Confraria da Rainha Santa Isabel

25.05.1625 – Canonização pelo Papa Urbano VIII

12.12.1647 – Alvará de D. João IV para a construção do novo mosteiro.

03.07.1649 – Lançamento da primeira pedra do novo mosteiro pelo Reitor da Universidade, D. Manuel de Saldanha.

29.10.1677 – Transferência da comunidade clarissa para o novo mosteiro e trasladação do túmulo de Santa Isabel.

26.06.1696 – Sagração da igreja, dedicada à Rainha Santa Isabel.

03.07.1696 – Trasladação do túmulo de Santa Isabel para a tribuna do altar-mor.

Agradecimentos Festas de 2012

escudo da Confraria da Rainha Santa Isabel Uma vez terminadas as festas da Rainha Santa Isabel de 2012, a Mesa da Confraria não pode deixar de agradecer a quantos contribuíram para o bom êxito das festas. Em primeiro lugar, a Sua Exª Revª o Senhor Bispo de Coimbra, D. Virgílio Antunes que dirigiu os mais importantes actos religiosos previstos: pela profundidade da reflexão que nos deixou ao longo do tríduo e no dia da solenidade de Santa Isabel, bem como pelo prazer e honra que nos deu em ter presidido à procissão solene do dia 8 de Julho.


Ao clero de Coimbra que participou nos diversos momentos das solenidades queremos deixar, na pessoa do presidente do Cabido da Diocese de Coimbra, o Revº Senhor Cónego Sertório Martins, uma palavra de vivo agradecimento pela colaboração prestada. À paróquia de Santa Cruz, na pessoa do seu Revº Pároco, Pe. Anselmo Gaspar, deixamos o nosso grato reconhecimento pela dignidade com que acolheram a veneranda imagem de Santa Isabel e pelo inexcedível zelo e espírito de colaboração por que sempre pautaram o seu relacionamento com a Confraria da Rainha Santa Isabel.

A todos quantos contribuíram para que as festas decorressem com segurança, de forma ordeira e organizada, designadamente aos escuteiros, forças de segurança e protecção civil, à Cruz Vermelha Portuguesa, ao INEM, aos Bombeiros, queremos manifestar o nosso público reconhecimento. À Empresa Municipal Turismo de Coimbra, agradecemos o habitual espírito de colaboração e disponibilidade na preparação e divulgação das festas da excelsa padroeira de Coimbra. Às autoridades académicas, civis e militares, às irmandades e demais movimentos da Igreja – e, neste ano, muito particularmente à Hermandad de Santa Isabel, hija de Zaragoza, Infanta de Aragon y Reina de Portugal – agradecemos a participação nos diversos momentos das festas.

Aos meios de comunicação social, da imprensa, rádio e televisão, que connosco colaboraram, estamos gratos pela sua participação e interesse demonstrado ao longo das festas e pela ajuda que nos prestaram na divulgação do programa das festas religiosas.

A todas as demais instituições que connosco colaboraram ou que contribuíram para o maior esplendor das festas (como foi o caso da Academia Martiniana, dos archeiros da Universidade de Coimbra, das bandas de música e de muitos), o nosso bem-haja.

Não podíamos deixar de renovar os nossos agradecimentos aos músicos, cantores e grupos que colaboraram na Gala das Rosas e na Serenata à Rainha Santa, bem como aos investigadores que participaram no Colóquio “SANTA ISABEL RAINHA DE PORTUGAL – CULTO E RELÍQUIAS”, e a todas as instituições que apoiaram a organização destes eventos.

Uma palavra muito especial de agradecimento é devida às irmãs e aos irmãos da Confraria da Rainha Santa Isabel, sobretudo a quem prescindiu de uma semana das suas férias para colaborar com a Confraria na preparação das festas e auxiliar os peregrinos no cumprimento da sua devoção junto do túmulo de Santa Isabel. A esse grupo de irmãs e irmãos empenhados recordo o que o Papa Bento XVI disse, há pouco mais de meio ano, ao passar em revista os principais momentos de 2011 na vida da Igreja:

“Para mim, uma das experiências mais importantes daqueles dias foi o encontro com os voluntários da Jornada Mundial da Juventude: eram cerca de 20 000 jovens, tendo todos, sem exceção, disponibilizado semanas ou meses da sua vida para colaborar na preparação técnica, organizativa e temática das atividades da JMJ, e tornando, precisamente assim, possível o desenvolvimento regular de tudo. Com o próprio tempo, o homem oferece sempre uma parte da sua própria vida. No fim, estes jovens estavam, visível e «palpavelmente», inundados duma grande sensação de felicidade: o seu tempo tinha um sentido; precisamente no dom do seu tempo e da sua força laboral, encontraram o tempo, a vida. E então tornou-se-me evidente uma coisa fundamental: estes jovens ofereceram, na fé, um pedaço de vida, e não porque isso lhes fora mandado, nem porque se ganha o céu com isso, nem mesmo porque assim se escapa ao perigo do inferno. Fizeram-no, porque queriam ser perfeitos.

Quantas vezes a vida dos cristãos se caracteriza pelo facto de olharem sobretudo para si mesmos; por assim dizer, fazem o bem para si mesmos. E como é grande, para todos os homens, a tentação de se preocuparem antes de mais nada consigo mesmos, de olharem para si mesmos, tornando-se assim interiormente vazios! Em Madrid, ao contrário, não se tratava de aperfeiçoar-se a si mesmo ou de querer conservar a própria vida para si mesmo. Estes jovens fizeram o bem – sem olhar ao peso e aos sacrifícios que o mesmo exigia – simplesmente porque é bom fazer o bem, é bom servir os outros. É preciso apenas ousar o salto. Tudo isto é antecedido pelo encontro com Jesus Cristo, um encontro que acende em nós o amor a Deus e aos outros e nos liberta da busca do nosso próprio «eu». Assim, recito uma oração atribuída a São Francisco Xavier: Faço o bem, não porque em troca entrarei no céu, nem porque de contrário me poderíeis mandar para o inferno. Faço-o por Vós, que sois o meu Rei e meu Senhor. E o mesmo comportamento fui encontrá-lo também na África, por exemplo nas Irmãs de Madre Teresa que se entregam às crianças abandonadas, doentes, pobres e atribuladas, sem se importarem consigo mesmas, tornando-se, precisamente assim, interiormente ricas e livres. Tal é o comportamento propriamente cristão”.

Estas palavras podiam ser aplicadas mutatis mutandis a todos os voluntários que, na semana das festas, prescindiram do seu tempo e passaram por muitas incomodidades e sacrifícios para servirem os outros. De vários pontos do País nos chegaram mensagens de agradecimento pela simpatia, dedicação e paciência com que as irmãs e os irmãos da Confraria da Rainha Santa Isabel acolheram, ajudaram e até levaram ao colo os devotos da sua Santa Padroeira. Por maiores que fossem as suas limitações, ninguém ficou privado de ir ou de ser levado ao túmulo de Santa Isabel. Por isso, a maior recompensa destes irmãos, como muitos nos testemunharam, foi a sensação de felicidade que experimentaram. Tal só era possível se o seu acto de entrega e de serviço aos outros fosse genuinamente abnegado, altruísta e desinteressado. Daí também a emoção que sentiram ao contribuir para a felicidade dos devotos de Santa Isabel, que desciam do túmulo em lágrimas, comovidos pela proximidade das relíquias de Santa Isabel. Estes depositavam na mão de Santa Isabel os problemas e aflições dos seus dramas pessoais. Aqueles sentiram o espírito da verdadeira caridade cristã, na entreajuda, na dádiva do seu tempo e do seu trabalho.

Quando solicitámos ao Senhor Bispo autorização para que a mão benfazeja de Santa Isabel fosse exposta, fizemo-lo “na esperança de que desperte, na alma de quantos a visitarem, nestes tempos difíceis que atravessamos, sentimentos de esperança em Deus, de caridade para com o próximo e de paz e amor entre os homens”. Perante quanto ficou dito, julgamos que o balanço é positivo e que os objectivos foram alcançados: houve, de facto, mais alegria em dar do que em receber, porque Santa Isabel nos demonstrou pelo seu exemplo de vida que o amor ao próximo é parte integrante do amor a Deus; por outro lado, a esperança em Deus é também correspondida através da bondade do homem. Compete-nos, por isso, dar continuidade a essa bela experiência e meditação que as festas nos proporcionaram, levando a esperança também aos outros.

Pela Mesa da Confraria da Rainha Santa Isabel

António Manuel Ribeiro Rebelo


Agradecimentos – festas 2010

Gostaríamos de agradecer a quantos contribuíram para o bom êxito das festas da Rainha Santa Isabel de 2010. Em primeiro lugar, agradecemos a Sua Exª Revª o Senhor Bispo de Coimbra, D. Albino Cleto por ter presidido a todos os actos religiosos: pelas sábias e judiciosas palavras que nos deixou na sua pregação ao longo do tríduo e no dia da festa de Santa Isabel, bem como o prazer e a honra que nos deu em ter presidido à procissão solene do dia 11 de Julho.


Às autoridades académicas, civis e militares, que se dignaram integrar a procissão, deixamos o nosso grato reconhecimento, em nome da Rainha Santa Isabel e da sua Confraria.

A todos quantos contribuíram para que as festas decorressem com segurança, de forma ordeira e organizada, designadamente aos escuteiros, forças de segurança e protecção civil, distrital e municipal, ao INEM, aos Bombeiros, o nosso bem-haja. Às irmandades e demais movimentos da Igreja agradecemos a sua indispensável participação. Às irmãs e aos irmãos da Confraria da Rainha Santa Isabel deixamos o nosso mais vivo agradecimento por toda a colaboração e pelo espírito de profunda devoção que demonstraram sempre ao longo destes dias de festa.

Aos meios de comunicação social, da imprensa, rádio e televisão, que connosco colaboraram agradecemos a sua participação e o interesse demonstrado durante estas festas.

A todas as demais instituições que nos ajudaram ou connosco colaboraram, o nosso muito obrigado.

Uma palavra muito especial é devida à Empresa Municipal Turismo de Coimbra, na pessoa do seu Presidente, o Prof. Doutor Luís Alcoforado. O profícuo espírito de colaboração e de indefectível disponibilidade que a Confraria da Rainha Santa Isabel encontrou nele e na sua equipa, tão dinâmica e eficiente, sempre num clima de respeito mútuo, demonstram que se atingiu um modelo perfeito de organização das festas da cidade a que se deverá dar continuidade num futuro próximo. Pela nossa parte, tudo faremos para darmos sequência a tão proveitosa cooperação.

Pela Mesa da Confraria da Rainha Santa Isabel

António Manuel Ribeiro Rebelo

(Vice-Presidente)

A Confraria da Rainha Santa Isabel

Entre as múltiplas manifestações de devoção à Santa Rainha Isabel verificadas na sequência da Sua beatificação pelo Breve de Leão X, datado de 15 de Abril de 1516, quase todas sob o alto patrocínio de D. João III e da Rainha D. Catarina, a criação da Sua Confraria é por certo uma das mais importantes e significativas, tanto pela sua longa duração de cerca de quatro séculos e meio, como pelo número de fiéis que ao longo desse tempo movimentou.

Foi na sequência desse impetuoso movimento de devoção, que envolvia todos os estratos da grei portuguesa, dos membros da Família Real aos mais humildes habitantes, não só de Coimbra e do seu termo, mas do Reino inteiro (fenómeno que, em 1556, levará à extensão dos actos litúrgicos até então limitados à diocese de Coimbra às restantes dioceses do Reino), que, no intuito de darem realidade institucional a um elevado concurso de fiéis à igreja do mosteiro para, venerando-a, lhe impetram a protecção e lhe agradecem as graças recebidas. Assim, no decorrer da década de 50 do século XVI, a Abadessa do Mosteiro, D. Ana de Meneses, juntamente com as sacristãs D. Marta da Silva e D. Ambrósia de Castro, secundadas por outras pessoas religiosas e seculares, deliberaram instituir uma confraria destinada a promover a glória de Deus e a honrar a Santa Rainha, aplicando o remanescente de esmolas que o culto deixasse livre no amparo aos irmãos mais necessitados, a quem deviam assistir na doença e na morte. E para que a nova instituição obtivesse plena regularidade canónica, logo de apressaram a pedir a confirmação dos respectivos estatutos ao Bispo da diocese, D. Fr. João Soares, solicitação a que o prelado anuiu, visto que, em 1560, por iniciativa das mesmas religiosas, saía da tipografia coimbrã de João da Barreira, uma Vida e milagres da gloriosa Rainha Santa Isabel, mulher do Católico Rei D. Dinis sexto de Portugal. Com o compromisso da Confraria do seu nome, e graças a ela concedidas. M.D.LX.

Pormenor curioso entre quantos eram neles estabelecidos, era que, dos dois mordomos, que, com outros «oficiais», deviam reger os destinos da Irmandade um devia ser «dos mais honrados da cidade» e o outro, estudante. Isto para que «o corpo da Universidade e [a] cidade com igual devoção e caridade, sem divisão [procurasse] o bem desta Santa Confraria e seu aumento».

Os primeiros mordomos eleitos foram António Alpoim e um clérigo de nome António Brandão.

Dado que, com as mudanças inerentes ao correr do tempo, aqueles primeiros estatutos se iam desactualizando, elaborou-se novo compromisso em Julho de 1647, mas, pela prolongada situação de sede vacante, decorrente da Restauração, só em 1671 os reiterados esforços da Mesa da Confraria alcançariam do Bispo-Conde D. Fr. Álvaro de São Boaventura a sua indispensável confirmação.

Apesar da vitalidade da devoção a Santa Isabel, que a canonização, em 1625, no pontificado de Urbano VIII, viera certamente aumentar, a Confraria chegava a meados do século XVIII a tal estado de decadência que as religiosas pediram ao Rei D. José uma intervenção no sentido de a recuperar, ao que o Monarca Acedeu, por provisão de 15 de Julho de 1771.

As lutas liberais acarretaram tais perturbações na vida da Confraria que a sua actividade esteve praticamente extinta e só vindo a retomar-ser com regularidade a partir de 1852, por intervenção do futuro Arcebispo de Braga, D. António de Freitas Honorato, daí resultando uma revisão dos Estatutos, só aprovados, no entanto, em 20 de Abril de 1891.

Durante o último século viu-se a Confraria animada pelo saber histórico, profunda devoção e grande dedicação de algumas das figuras mais em evidência na vida religiosa de Coimbra, como o Doutor Sousa Gomes e, sobretudo, o P.e Doutor António de Vasconcelos, a quem se ficaram a dever novos neste momento em processo de revisão.

Ao longo dos quatro séculos e meio da sua gloriosa existência contou a veneranda Instituição com a presença e participação de muitos milhares de devotos da Santa Rainha, desde o simples povo anónimo aos membros da Família Real portuguesa e a altas figuras da Universidade, da Política, da Administração e da Sociedade portuguesas.

Na senda do exemplo com tanta santidade cumprido em vida pela doce Princesa de Aragão, feita Rainha de Portugal, e na fiel observância do espírito dos que, no século XVI a criaram, tem procurado e continua a procurar ajudar, na medida das suas possibilidades, os pobres e desprotegidos, através do apoio que presta às várias instituições de solidariedade social que opoeram em Coimbra.

Em simultâneo consagra-se com vivo fervor e devoção ao louvor de Deus mediante o culto prestado à sua Excelsa Padroeira, não apenas cuidando do Seu Templo e das suas alfaias, mas promovendo com pontual regularidade todos os actos litúrgicos que esse culto envolve, nomeadamente no dia da Sua festa, incluindo, nos anos pares, as procissões que trazem a peregrina beleza da Imagem em que Teixeira Lopes a representou até à Sua Cidade de Coimbra, para, três dias depois, a reconduzirem ao templo de Santa Clara-a-Nova.

No momento presente, novos horizontes se rasgam à sua actuação, através do desenvolvimento e valorização de uma componente cultural que, fazendo dos espaços do Mosteiro, uma expressão viva de todas as formas de arte a que a esta veneração de séculos deu lugar, possa conferir uma nova dimensão à presença da Rainha Santa na vida actual da Sua Cidade de Coimbra.

Aníbal Pinto de Castro

Biografia

Mais de sete séculos passados sobre o seu nascimento� o que sabemos e o que desconhecemos sobre a vida de Isabel de Aragão? No enredo de datas opostas, interpretações múltiplas, lendas seculares e até acontecimentos fantásticos, é possível, hoje, descobrir com verdade histórica os principais momentos da sua passagem pela terra durante cerca de 66 anos. Isabel, nome também de sua tia, santa e irmã da avó paterna, Dona Violante, nasceu, muito provavelmente, em Saragoça, Reino de Aragão, a 11 de Fevereiro de 1270. Era filha de Pedro III, o Grande, e de Dona Constança de Sicília.

Corria-lhe nas veias, pelo lado de seu pai, sangue das casas de Hungria e de Este, enquanto pelo lado materno descendia de Manfredo de Nápoles e Sicília e de Dona Brites de Sabóia, seus avós. A menina, uma entre vários irmãos, era bonita e atribuiu-se-lhe logo na infância, vivida em boa parte em Barcelona, o gosto pela oração, o poder cândido de gerar afectos e reconciliações, a bondade ingénua e a inteligência promissora. Não admira, pois, que estas virtudes tivessem desencadeado, em várias Coroas do Ocidente Cristão, o desejo forte de a colher como rainha. Recaiu, porém, a sorte, como se sabe, sobre a corte portuguesa. Com efeito, em 1279, subira ao trono D. Dinis, monarca culto, poeta, trovador, neto de Afonso X, o Sábio, célebre pelas suas Cantigas de Santa Maria.

O jovem rei contava, então, dezanove anos e ponderando, entre outras, razões de Estado, decidiu escolher para sua mulher a filha do Rei de Aragão. No dia 11 de Fevereiro de 1281, em Barcelona, realizou-se, por procuração, após copioso intercâmbio epistolar e documental, o matrimónio que seria consumado passado pouco mais de um ano, na Vila de Trancoso, no mês de Junho.

Entretanto, jornadas, festas, e cerimónias à parte, certo é que no fim desse ano de 1282 já Dona Isabel de Aragão, esposa legítima de D. Dinis, estava com a sua corte, em Coimbra, onde iniciará uma vida cheia de magnanimidade e santidade. Aqui, a menina casada se fez mulher, mãe, dos filhos Constança e Afonso, futuro Afonso IV de Portugal, rainha e santa.

Piedosa, de suprema caridade e devota particularmente da Virgem Santíssima, de Santa Clara e de São Tiago, cujo túmulo visitou, em Junho de 1325, a vida terrena de Isabel permanecerá eternamente ligada à acção virtuosa de â??praticar o bem sem olhar a quemâ?. A sua memória é perpetuada pelas esmolas, oferendas, cuidados, curas e milagres, com que enchia as mãos e os corações de homens, mulheres e crianças pobres, enjeitados, famintos, leprosos, doentes, cegos. Paralelamente, com as suas preces e diplomacia, espalha a concórdia e a paz, ora entre o marido e o filho, ora entre este e o neto, ora entre reinos e outros parentes.

Precoce mas duradouro foi o seu casamento. Durou cerca de 44 anos e só a morte do Rei, no dia 7 de Janeiro de 1325, separou para sempre os cônjuges reais. Viúva, a Rainha Dona Isabel veste a partir dessa data o hábito humilde das religiosas de Santa Clara, â??um véu sem votosâ?, e fixa morada em Coimbra, ou seja, no paço que tinha junto do mosteiro das Clarissas, fundado por D. Mor Dias em 1283. Sobreviveu ao marido pouco mais de dez anos, chora a morte de netos e, em Dezembro de 1327, faz o seu segundo e último testamento pelo qual entrega o seu corpo, num túmulo de pedra branca, à igreja do mosteiro de Santa Clara, o seu mosteiro. Entre o paço e o convento, ou melhor, â??com um pé no mundo e outro na casa de Deusâ?, Dona Isabel ia juntando os deveres do trono aos prazeres e devoções dos altares, dos cantos e de Jesus Cristo. Sucediam-se os dias e as orações, os jejuns e as obras pias, a fadiga, e a velhice. Em Junho de 1336, Dona Isabel é informada de que seu filho iria bater-se em guerra com o neto D. Afonso XI de Castela. D. Afonso IV estava, então, com a sua corte em Estremoz e a Rainha, mãe e avó, apesar dos seus 66 anos de idade, empreende uma penosa jornada, de dezenas de léguas, de Coimbra até àquela terra alentejana. Chegou já doente e desfalecendo, pouco a pouco, na companhia de seu filho e nora Dona Beatriz, expirou a 4 de Julho. No dia seguinte, o Rei, dando cumprimento às vontades últimas da mãe, ordena a trasladação do cadáver para Coimbra, onde chegou no dia 11. Sucedem-se, então, solenes exéquias e, por fim, o túmulo é depositado na capela que a Rainha havia mandado construir no convento de Santa Clara. Chegava para Dona Isabel um tempo novo. Com todos os puros de coração, bem aventurados por Jesus Cristo, ela precisava de subir ao Céu â??para ver mais longe e fundoâ?. Na terra, o povo começava a venerar os seus restos mortais, presta-lhe culto, acredita em milagres e na sua santidade. Por tudo isto, D. Manuel solicitou à Santa Sé a sentença de beatificação concedida pelo papa Leão X por Breve datado de 15 de Abril de 1516. Declara-se, então, fundada, na Diocese de Coimbra, o culto religioso da Beata Isabel difundido por todo o Reino em 1556 e fervorosamente praticado, sobretudo, pelas gentes da cidade.

Já no século XVII, a 26 de Março de 1612, procedeu-se à abertura do túmulo tendo declarado quem viu que se achava inteiro e incorrupto. A Rainha era Santa. Assim, passados pouco mais de dez anos, mais precisamente em 25 de Maio de 1625, o Papa Urbano VIII canoniza-a solenemente, enquanto o Rei Filipe III, no dia 14 de Julho do mesmo ano, proclama-a Padroeira de Portugal.

Maria José Azevedo Santos

Contexto Histórico

No consentimento de Pedro III de Aragão para o casamento de sua filha com D. Dinis estava subjacente uma estratégia – o pai queria vera filha sair de sua casa como rainha, como reza o Livro da Vida e Milagres de Dona Isabel. Assim se cumpriu, pois D. Dinis era já rei quando reclamou a mão da infanta, como depois quando a veio a esposar e ocorreram bodas matrimoniais em Trancoso, no ano de 1282. E Isabel, ao ultrapassar este novo limes da sua vida, prestigiou-se. Se saía da afamada casa de Aragão, de uma família em que brilhavam memórias de reis conquistadores e ascendentes femininos aureolados com o carisma da santidade, entrava num reino da Península em que vitoriosos e valentes guerreiros cedo haviam firmado a sua independência e a tinham consolidado com território ganho aos infiéis e com gente que o valorizasse. Isabel viverá em Portugal num período áureo, ao lado de um monarca que soube concretizar, aos mais diversos níveis, a plena definição integradora desse reino e guindá-lo externamente ao lugar cimeiro na constelação das monarquias peninsulares. Projecto político de D. Dinis, o homem-rei, que soube conjugar tradição e inovação, ratificado e enobrecido por D. Isabel, a mulher-rainha, que soube ser santa e suserana.

D. Dinis herda um território já de todo reconquistado e no qual se incorpora em pleno, até com a sua infantil presença, o reino do Algarve pelo Tratado de Badajoz de 1267. Era preciso, ao tempo, e o rei sabia-o, completar a sua total definição e identificação. Jogando com a conflituosa conjuntura dos reinos hispânicos e aproveitando-se do seu papel de aliado forte, reclamado pelos partidos que disputavam o trono com Castela, D. Dinis consegue, ao dar o seu apoio a Fernando IV, reais benefícios. Faz incorporar na coroa portuguesa a região de Riba Côa e estrutura a fronteira entre Portugal e Castela ao longo do Guadiana, ao ser assinado, a 12 de Setembro de 1297, o tratado de Alcañices. E por ele se marcava também o destino de sua filha Constança, que ficava prometida a Fernando IV de Castela, assim se unindo por matrimónio os dois reinos. Com esta mesma intenção de prosseguir uma linha política de demarcação entre Portugal e Castela, quis afastar o seu irmão Afonso, aliado de facções castelhanas, de senhorios fronteiriços nevrálgicos, como Vide, Arronches e Portalegre. Com ele lutou em 1281, 1287 e 1299 até se firmarem trocas de terras e acordos de pazes, para os quais muito terá contribuido D. Isabel.

Desenhado o quadrilátero por terra e mar, necessário era cuidar da harmoniosa conjugação das suas gentes com espaço. D. Dinis tudo fez para arreigar homens à terra e ao tecido produtivo, assegurando-lhes a defesa e a estabilidade e incentivando a economia. Outorgou mais de oito dezenas de cartas de foral que dinamizavam o povoamento de vilas e lugares raianos e com menores atractivos, mormente a região de Trás-os-Montes. Dobrou essas liberdades conselhias com a concessão de mais de quatro dezenas de cartas de feira que revitalizavam e favoreciam o comércio interno. Reforçou a segurança e defesa dos lugares, em especial os de fronteira terrestre, reconstruindo muralhas e castelos e ordenando o levantamento de vilas de padrão geométrico na raia alentejana. Vigiando os perigos de um país de longa costa atlântica, criou uma marinha de guerra, liderada pelo saber e experiência de genoveses, como o almirante Manuel Pessanha, contratado em 1317. Implementou a agricultura, fomentando póvoas e a exploração dos seus reguengos, e cuidando dos lavradores, “esses nervos da terra e do reino”, como os apelidava. Mandou secar pântanos, potenciou as valências das matas, favoreceu a caça e a pesca, atendeu às riquezas marítimas de pescado e sal, e não descurou mesmo a exploração mineira. Dinamizou o comércio interno, mas também o externo, criando em 1293 uma bolsa de mercadores e estabelecendo acordos comerciais com os monarcas de Inglaterra e da França, que favoreciam a exportação dos nossos produtos para países atlânticos.

D. Dinis governou o reino com pleno conhecimento do espaço, nas suas possibilidades ou carências, itinerando com a corte por todo o território. Apoiou-se num aparelho burocrático numeroso e já especializado em oficiais do fisco, como os contadores, e da justiça, como os sobrejuízes, meirinhos, corregedores e juízes por el-rei. Com uma chancelaria organizada, deixou registo dos actos da sua governança e deu forma a um corpus legislativo de mais de uma centena de leis que regulavam a justiça, a propriedade e a moral social.

Na estruturação do ordenamento social D. Dinis teve de agir sobre diversas e contrárias forças sociais. Para conhecer a legitimidade de honras e coutos senhoriais, sobretudo em terras de Entre Douro e Minho e da Beira Baixa, exigiu inquirições – 1284, 1288 e outras na primeira década de Trezentos – que arrolaram abusos e determinavam devassas. Mas os nobres reclamavam das sentenças e a execução do decidido terá sido bem pouco eficaz.

Por sua vez a clerezia e instituições religiosas ameaçavam com o seu vasto património imóvel e isento os demais estratos sociais e as finanças do reino. D. Dinis promulgou leis de desamortização, que impediram a compra de bens de raiz a clérigos e ordens (1286, 1292, 1305) e interditavam aos institutos religiosos a herança dos bens dos seus professos (1291, 1299), legislação ousada que feria os interesses do clero. Com esta força social estivera o monarca em contenda desde os inícios do seu reinado, a qual só se apaziguou com a assinatura das concordatas de 1288 e 1289, que confirmavam os principais privilégios eclesiásticos, se bem que afastassem a recorrente arbitragem da Santa Sé, identificando o clero português, com os demais grupos sociais do reino. Esta mesma intenção integradora da clerezia teve D. Dinis ao obter do Papa a autorização de um Mestre Provincial, oriundo de Portugal, para a Ordem de Santiago, como mais tarde conseguiu a significativa vitória de transferir os bens nacionais dos Templários para a Ordem de Cristo, criada em 1319, que tanto viria a ajudar a financiar a empresa expansionista de Portugal.

Mas a identificação social e cultural do reino passou ainda pela dinamização do ensino, com a fundação de um Estudo Geral (1288-1290) em Lisboa, pela exigência, a partir da década de 90 do século XIII, de que os documentos emanados da chancelaria régia fossem escritos em português, pela regulamentação dos agentes da escrita, como eram os tabeliães e escrivães da corte, sendo o próprio monarca um cultor da poesia trovadoresca.

Este longo reinado de 48 anos agitou-se por vezes com querelas internas. D. Dinis enfrentou, como já dissemos, o seu irmão, como, em 1321-1322 e 1323-1324, o seu próprio filho e herdeiro D. Afonso. D. Isabel guinda-se então ao primeiro plano na sua incansável missão pacificadora. Para congraçar pai e filho entrará mesmo em campo de batalha, rogando pazes. Como, no fim da vida, acabará os seus dias em Estremoz, porque aí se desloca para conversar com seu filho, que se desentendera com Afonso XI de Castela, neto da rainha.

Denodadamente D. Isabel promoveu a concórdia entre forças desavindas. Por meio de emissários ou de uma insistente epistolografia procurou harmonizar o seu irmão Jaime II de Aragão com o seu genro Fernando IV de Castela. A sentença arbitral entre os reis de Aragão e Castela, que D. Dinis pronunciou, próximo de Tarragona, em 1304, teve, pois, a preparação e mesmo a presença da Rainha Santa. Sempre como Filha e Irmã, Esposa ou Mãe lutou pelas boas relações familiares, que inevitavelmente se projectavam no equilíbrio da política interna de Portugal e externamente no concerto dos poderes peninsulares.

Durante toda a sua vida cuidou, como mão e senhora, dos seus filhos próprios e dos bastardos do rei, das donas, donzelas e criadas da sua casa, educando-as e dotando-as para o casamento. Como rainha-santa, imbuída de uma espiritualidade franciscana, profundamente crística e humana, pautada pelos valores do amor, da humildade e da dádiva, alargou a sua magnanimidade de rainha a igrejas e mosteiros e a sua protecção piedosa os desvalidos do reino. Mandou construir e dotar mosteiros, igrejas, mercearias, albergarias, hospitais, gafarias, pontes e fontes. Deu pão aos famintos, vestes aos desnudados e esmola aos pedintes, estendendo o manto da sua misericórdia a pobres, doentes, velhos, prostitutas, cativos, presos e gente envergonhada e decaída do seu estado. Morto o rei em 1325, seguiu D. Isabel como peregrina até Santiago de Compostela, despojando-se dos seus bens e realeza. Quis irmanar-se às clarissas em vida religiosa e passou a viver no seu paço junto do mosteiro de Santa Clara de Coimbra, que ajudara a fundar. Nele ergueu o monumento em que se fez sepultar e nesse espaço de Santa Clara, que se impregnará da sua presença, fez também surgir um hospital que recebia pobres e doentes.

A rainha D. Isabel soube bem ombrear com o rei D. Dinis no governo do reino de Portugal. Politicamente geriu rentavelmente os seus bens e dirigiu com sabedoria a sua casa e clientela. Interveio, com eficácia, na harmonização dos dominantes do reino de Portugal e na concertação, por via diplomática e pessoal, dos interesses dos reinos peninsulares. Era uma mulher culta, que dominava o latim e a ciência da escrita e dos escritos, da mesma forma que dirigia com saber a construção de um mosteiro e do seu próprio túmulo.

Espiritualmente apresentou-se como um modelo de virtudes, devoção e prática cristãs que se espalharam em obra, levantando instituições religiosas e assistenciais, em intensa vida religiosa de oração e sacrifício, e em desvelo e carinho pelos “pobres de Cristo”.

Na vida, como no mito e na lenda, indissociavelmente a D. Dinis, rei lavrador e poeta, se unirá D. Isabel, a rainha protectora e santa.

Maria Helena da Cruz Coelho

Arquivo Histórico

No âmbito do projecto Recuperação, Tratamento e Organização de Acervos Documentais, financiado pela Fundação Calouste Gulbenkian, a Confraria da Rainha Santa Isabel iniciou os trabalhos que têm como objectivo a organização, o acondicionamento, o diagnóstico do estado de conservação, com o consequente restauro preventivo, e a digitalização do acervo livresco e documental, datado dos séculos XVI a XIX e em elevado estado de degradação, propriedade actual da Confraria da Rainha Santa Isabel, de Coimbra.

A Confraria da Rainha Santa Isabel, após a morte da última freira (no seguimento da extinção das Ordens Religiosas portuguesas em 30 de Maio de 1834), assumiu, no ano de 1891, a propriedade imóvel e o legado patrimonial móvel da antiga comunidade clarissa do Convento de Santa Clara-a-Nova.

Com efeito, o património documental foi alvo de múltiplas vicissitudes materiais nos últimos dois séculos em virtude das sucessivas ocupações das dependências conventuais e que acabariam por se reflectir no seu actual mau estado de conservação. A incúria do Homem, testemunhada pelas Invasões Francesas (com a instalação das tropas napoleónicas no convento, entre 1807-10), a extinção das Ordens Religiosas em Portugal (com a lenta asfixia da sua comunidade religiosa, a partir de 1834), a implantação da República Portuguesa (com o estabelecimento de unidades militares do Exército, em 1910), e a força da Natureza, verificada com as inevitáveis pragas biológicas e intempéries naturais, determinaram assim uma gradual destruição deste valioso espólio.

O riquíssimo espólio livresco e documental existente assume uma importância vital para a compreensão histórica da organização religiosa e formação intelectual da comunidade clarissa de Coimbra. A comprovar o interesse científico e cultural mencionado refira-se a sua cedência em diferentes eventos culturais com maior expressão na cidade de Coimbra, como na exposição temporária: A Coroa, o Pão e as Rosas. VIII Centenário do nascimento de Santa Isabel da Hungria (organizada no Convento de Santa Clara-a-Nova pela Confraria da Rainha Santa Isabel de Coimbra, em colaboração com a Universidade de Coimbra e a Comissão Oficial Alemã do Elisabethjahr, em 2007); ou na exposição permanente do Centro Interpretativo do sítio arqueológico do Mosteiro de Santa Clara-a-Velha (IGESPAR), em Coimbra, desde 2008.

Contudo, apesar da proficuidade destas acções, de índole científica e cultural, as mesmas acabam por determinar a deterioração e o desenvolvimento de algumas patologias ofensivas às mesmas.

O acervo documental e livresco, com relevante interesse histórico, cultural e científico para as entidades religiosas e culturais nacionais, determina a sua salvaguarda, preservação e divulgação inadiáveis. A candidatura tem, assim, como propósito organizar, acondicionar, restaurar e digitalizar os 245 exemplares de obras impressas e manuscritas, com encadernações a couro lavrado e ornamentado a ouro, confiados à Confraria da Rainha Santa Isabel de Coimbra. Promover os trabalhos delineados permitirá evitar a perda irrecuperável de um património humano, que, durante séculos, foi utilizado como instrumento primordial de instrução professa e de doutrinação sagrada pela comunidade clarissa, e continuar a disponibilizá-lo às muitas instituições culturais e comunidades religiosas e científicas nacionais, tendo em conta que o seu manejo manual facilita novos danos materiais e acelera o seu estado de conservação. Salvaguardar e disponibilizar o património do passado é garantir a transmissão do Conhecimento às gerações vindouras.

Uma pequena mostra do acervo poderá ser admirada numa exposição organizada pela Confraria da Rainha Santa Isabel e pelo Arquivo da Universidade de Coimbra, na Sala D. João III deste mesmo Arquivo, com inauguração prevista para o dia 15 de Julho de 2010, às 16.30 horas, e ficará patente ao público até 29 de Outubro de 2010.

Donativos

A Confraria da Rainha Santa Isabel tem a seu cargo a Igreja da Rainha Santa Isabel do Mosteiro de Santa Clara-a-Nova. Uma das suas principais preocupações consiste em zelar pela Igreja da Rainha Santa Isabel e espaços adjacentes que lhe pertencem e promover o culto à Rainha Santa Isabel.

A manutenção dos espaços e o culto à Rainha Santa dependem exclusivamente dos donativos dos fiéis, devotos de Santa Isabel. Todavia, ultimamente os encargos e despesas são cada vez maiores, enquanto as receitas e donativos têm diminuído drasticamente. A fim de podermos acudir às necessidades mais prementes de manutenção dos edifícios e de promoção do culto à nossa excelsa padroeira, apelamos a todos os devotos que, na medida das suas posses, nos ajudem a suportar as despesas.

A Confraria da Rainha Santa Isabel aceita donativos de particulares e de empresas – ao abrigo da lei do mecenato. A todos os benfeitores passaremos o comprovativo necessário para o IRS. Os donativos podem ser depositados nas caixas de esmola da Igreja da Rainha Santa Isabel, em envelope fechado, com indicação do nome, morada e número de contribuinte. Em alternativa, poderão fazer transferência directa para a conta em nome da Confraria da Rainha Santa Isabel no Montepio Geral:

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Enviem-nos cópia do talão de transferência, com a sua identificação, morada, número de contribuinte e nós lhe remeteremos imediatamente o comprovativo para o IRS.

Bem hajam pela vossa ajuda e que a Rainha Santa vos proteja.